Uma das mais lindas gravações, do selo de Mário Vieira, aqui trazidas.
Eu sô carrocêro
di pôca valia
levantu bem cêdu
depois du mêi-dia
pego a minha tropa
qu'é uma mixaria
i vô assombrando
toda friguisia
Se tem um baile
lá na vizinhança
eu lotu di moça
i vô pra festança
as moça ansiosa
pra chegá na dança
nu mêi du caminho
a minha tropa arcança
E no varonil
tem o burro Sem-Mão
e na balancinha
u Arrebenta-Chão
e'os burro só serve
di assombração
é uma fantasma
na escuridão
Na ponta u Cambeta
na guia u Sanhaço
i na contra-guia
é'us Istraga-Passo
iu burro não sabe
cai em todo passo
i eu na buréia
igual um paiaço
Eu sô sem capricho
não arrumo nada
eu tenho vergonha
da minha burrada
i'us burro são véiu
da cara pelada
é uma assombração
de qualqué istrada
Arreiu bem véiu
qui'é uma fandanguêra
i têm déi remendo
em cada qüaiêra
i'us burro é teimoso
é uma trabaiêra
vai ingastaiando
em toda portêra
Um dia depois
que sai do acampamento
eu vô pru comércio
com milêquinhêntu
bebo tudo em pinga
vôrto mai nojento
faço as minha quêxa
do meu sofrimento
Assim vô vivendu
pra baixo i pra riba
com minha carroça
qui'é minha currida
i é só eu qui tenho
essa triste lida
de vivê trombando
na estrada da vida!
di pôca valia
levantu bem cêdu
depois du mêi-dia
pego a minha tropa
qu'é uma mixaria
i vô assombrando
toda friguisia
Se tem um baile
lá na vizinhança
eu lotu di moça
i vô pra festança
as moça ansiosa
pra chegá na dança
nu mêi du caminho
a minha tropa arcança
E no varonil
tem o burro Sem-Mão
e na balancinha
u Arrebenta-Chão
e'os burro só serve
di assombração
é uma fantasma
na escuridão
Na ponta u Cambeta
na guia u Sanhaço
i na contra-guia
é'us Istraga-Passo
iu burro não sabe
cai em todo passo
i eu na buréia
igual um paiaço
Eu sô sem capricho
não arrumo nada
eu tenho vergonha
da minha burrada
i'us burro são véiu
da cara pelada
é uma assombração
de qualqué istrada
Arreiu bem véiu
qui'é uma fandanguêra
i têm déi remendo
em cada qüaiêra
i'us burro é teimoso
é uma trabaiêra
vai ingastaiando
em toda portêra
Um dia depois
que sai do acampamento
eu vô pru comércio
com milêquinhêntu
bebo tudo em pinga
vôrto mai nojento
faço as minha quêxa
do meu sofrimento
Assim vô vivendu
pra baixo i pra riba
com minha carroça
qui'é minha currida
i é só eu qui tenho
essa triste lida
de vivê trombando
na estrada da vida!
Poderia escrever parágrafos e mais parágrafos sobre a maestria dessa ideia-musica e da capacidade do povo aciganado (no acampamento) em transformar a dura lida, sol a sol, segunda a segunda, em piada boa, musica linda e poesia fina!
Morro de curiosidade sobre o significado de termos do mundo carrocístisco: varonil, ponta, guia, contra-guia, quaiêra... e assim vai!
Algum carroceiro de plantão?
Essa é daquelas que não sei mesmo como o disquinho ainda não furou!
Outras faixas desse compacto no youtube, vale uma passada lá.
PAPO PRO Á