TRIO CANOEIRO - ONDE CANTAM OS CANOEIROS - DO-RÉ-MI CD-01; PCD-0211


Ao que parece é a primeira produção de Francisco Altimare para o seu Do-Ré-Mi, selo paulista que lançou, se tanto, uma dúzia de compactos na segunda metade dos anos 60. Desaparecendo completamente antes do começo da década seguinte.

Zé Canoeiro liderou seu Trio, com Lagôa (à esquerda) e Laércio 'Vaninho' Côrte, por cerca de 15 anos, pelo menos fonograficamente falando.
Também foi radialista, com o programa Amanhecer de nossa Terra, na Rádio Jornal do Povo, a ZYR-261 de Limeira/SP, de enorme sucesso, sendo praticamente um Zé Béttio local.

Essa campeira é uma aula de musica bonita, mirabolante e graciosa. Sua letra mensagem firme sobre a escolha artística do capiau, a relação estreita entre sua musica e o rádio (confirmada no autógrafo da capa) e, finalmente, a revanche de quando '...arrecebi o desprezo dos amigo e companheiro...' pela opção, já que '... hoje até no meu carro / tem escrito no letreiro / os horário do pograma... onde cantam os canoeiro'!
Coisa bonita!

O caipira, abraçando sua música numa carreira, pôde circunscrever as ilusões burguesas ao êxito artístico mitigando todas as demais e ficando, assim, ainda mais caipira, pertencendo, orgulhoso, ao que ficou conhecido no meio como a 'classe de violeiro'.

O arranjo também é um capitulo à parte sendo o único da nossa caipiriana a trazer essa tuba linda, de uma felicidade infinita e contagiante.
A introdução da tuba na musica caipira se deu, aparentemente, pelas mãos do insuperável e saudoso Mario Zan (1930-2006) para o arranjo da marcha-dobrado Quarto Centenário (dele e J. M. Alves), composta, claro, para os 400 anos de São Paulo, em 1954.
O instrumento tá na gravação de Silveira e Barrinha do famoso corrido Linda cigana (de Silveira e Dito Mineiro), de 1959, também arranjo de Zan.
Segundo o jornalista Adriano 'Ansèrmu' da Rocha, da cidade de Cosmópolis/SP, trata-se do mesmo músico, conhecido por Mestre Tuba, de quem quase nada se sabe, apesar de certo prestígio.
Zé Canoeiro gostava mesmo da tuba, tanto que a repetiu no LP Nossa terra, nossa gente (de 1971), porém com um músico desastrado (seria o Mestre num dia pouco inspirado?). O disco foi gravado pela California, de Mário Vieira, casa que lançou o Trio no mercado, em 78 rpm, dez anos antes.

 O Trio também gravou outros LPs (não sabemos se com Mestre Tuba ou não), entre eles um pela Tropicana, subsidiaria da CBS dedicada à musica sertaneja e nordestina, e outro, pela Inspiração, ambas dirigidas por Roberto Stanganelli (1931-2010), acordeonista e escritor mineiro que viveu em São Paulo. (cf. Inspiração)

Agradecemos ao amigo e parceiro Ansèrmu nesse post improvisado a quatro mãos.
 Seu relato foi prova cabal - a despeito de ser ainda bem jovem - que mesmo sem uma única menção sobre a vida e obra de Zé Canoeiro em toda internet, o músico e comunicador vive confortavelmente no coração de milhões no interior paulista, berço caipira por excelência!

Ansèrmu vai voltar no Vitrola já já!






PAPO PRO Á

  1. O acordeonista era meu saudoso pai. Vaninho. Esse trio teve uma alteração. Laércio saiu do trio e entrou o Lagoinha e também o Lagôa. Não me lembro qual foi o primeiro. Gravaram pela Continental também. E em uma das músicas (Milagre de Papai Noel), eu tive o prazer de fazer uma declamação. Eu tinha apenas 6 aninhos.

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  2. Lagoinha é meu avô, hoje com 93 anos recém completados! Está ativo, lúcido e participará da gravação do meu próximo disco. Seria um prazer compartilhar aqui com o portal mais resultados desse trabalho!

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    1. que MARAVILHA! sim posso compartilhar sim! grato por nos prestigiar

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