NÁRIO E NARINHO - MATANDO SAUDADES - BRASIDISC 13034; PCD-2286


   Recentemente localizamos em Campo Grande/MS a viúva do criador e produtor da Brasidisc,
 um dos selos de nossa predileção.

 Na nossa caipiriana contamos com aproximadamente uma dúzia de selos mais expressivos, com produções que primavam pela verve e acuro estético.
E principalmente com o nome completo dos seus proprietários, estampados em contracapas e rótulos, elaboramos algumas pesquisas para tentar localizar seus paradeiros, mas a maior parte do esforço foi em vão. Impressiona que nomes de relativo peso empresarial tenham desaparecido completamente, como se jamais tivessem existido: Carlos Gil, Balthazar da Silva, Paulo Wilson, Antonio Ramos, Bento Sene... E tantos outros!

 Archibaldo Eurípedes de Freitas (1935-2002), nasceu em Guará, região de Ribeirão Preto/SP.  Começou carreira com Valtinho quando formaram a dupla Os Dois Companheiros, no começo dos anos 60, lançando um LP pela Sabiá, a subsidiária caipira da Copacabana. Depois, com outro parceiro, Catito, mantendo o nome artístico, gravou dois compactos e outro LP, todos já pela Brasidisc.

Mas a musica não era o forte de Archibaldo.
Seu repertório variou de rasqueados e boleros a tangos e até rumbas. Não desceu às raízes de uma moda de viola, um cururu.
Seu peso para a história da musica sertaneja foi mesmo como produtor e diretor fonográfico na gravadora que criou em 1963.

A Brasidisc foi um selo diferente!
Não só por não se circunscrever ao universo sertanejo - mesmo nele, relançou artistas da velha guarda como o genial Pedro 'Xerém' de Alcântara Filho (1911-1982), num caprichado LP solo, sem Tapuya, Bentinho ou De Moraes, seus parceiros ao longo de quase meio-século de carreira.
Também foi um dos raros selos sertanejos que não se rendeu ao apelo jovem, ficando mesmo mais restrito ao pessoal raiz. Mas gravou conjuntos mexicanos, corais, e violão solo.
Aos cuidados de Archibaldo a Brasidisc durou 10 anos, até sua venda, quando ele se muda para Campo Grande onde passou a chefiar oficina mecânica e criação bovina leiteira.
O selo passou às mãos de Osmar Zan em muitas dezenas de produções variando entre forró, samba, humor e coisas estranhas, tanto em LP, poucos compacto, quanto alguns CDs.

Por cálculos estimativos, a Brasidisc, na sua primeira fase, fez quase uma centena de discos; pelo menos um 78 rpm, três dúzia de compactos e quatro de LPs.
Do seu cast, que acabou alçando alguma fama, estão: Lorito e Loreto (dupla que estreou a série de LPs do selo) e Nelsinho e Diamante (egressos da Chantecler).

Esse disquinho pertenceu ao acervo da Rádio Primavera de Porto Ferreira e, posteriormente, à coleção de Miguel Bragioni a quem agradecemos pelas boas trocas realizadas.


PAPO PRO Á